Um blogue mal humorado, com aversão ao abominável modismo do "polìticamente correto" (hipòcritamente mal-resolvido). Blogue de um cético convicto, com a própria ortografia.

nossa imprensa sem memória

Várias vezes encontramos nos jornais e revistas brasileiros referências falhas a fatos, pela pura preguiça que nossos grandes homens da imprensa têm de pesquisar.

Esta semana, a atriz Dirce Migliaccio entrou em coma, em razão de um AVC, e não foram poucas as menções a citá-la como uma das Irmãs Cajàzeiras (correto), mas também como a primeira Emília, de O Sítio do Pica-pau Amarelo na televisão.

Bem, esses jornalistas que nasceram ontem, pensam que a televisão brasileira nasceu com o regime militar, que deu de presente ao empresário Roberto Marinho a TV Globo, em 1965.

Mas não só o primeiro Sítio foi apresentado ainda na década de 1950, na pioneira TV Tupi, de Assis Chateaubriand, como durou muitos anos.

A adaptação da eterna obra de Monteiro Lobato era de Tatiana Belinky, e a apresentação de Júlio Gouveia.

Emília era interpretada por Lúcia Lambertini (que morreu no final dos anos 1970), e Narizinho por Edi Cerri.

Pouco me importa quantos outros atores globais os jornais possam dizer que foram os primeiros. Não vão mudar os fatos: a televisão pioneira no Brasil foi a falecida TV Tupi.

O pior é que com a informatização, tem sido feita uma verdadeira, péssima e perigosa “limpeza” de fatos da História, pois não raramente verifica-se que, para atender os interesses da empresa jornalística (ou outros interesses maiores, que a empre$a atende),  nas edições arquivadas digitalmente fez-se uma “depuração” de trechos de notícias e comentários, que tornam, em pouco tempo diferente, o original em papel diferente do arquivado em meio eletrônico. Isso quando simplesmente não eliminam dos arquivos uma notícia surgida havia apenas uma semana.

Ainda reclamam de eventual censura, mas os jornalistas são certamente muito mais stalinistas do que qualquer outro setor da sociedade, na ânsia de alterar os fatos, ou de fazer revisionismo histórico.

Emília o comprova.