Sabe o que é isso?
Simples, uma redução de aceto balsamico com açúcar, com creme de queijo de cabra, figo fresco salteado na manteiga e lâminas crocantes de batata doce fritas.
Pode chamar de “cabra duma figa”.
É uma entrada que comi em um bistrô aqui perto do apartamento, que antecedeu um filé ao molho do porto, com ratatouille e purê de mandioquinha (ou, como dizem alguns, batata baroa).
Se eu disser o quanto paguei pela refeição, vocês ficarão ofendidos com os preços baratos, abaixo de R$ 50,00 no total!
Aliás, não direito baratos, mas JUSTOS.
O chef-proprietário do bistrô tem uma característica raríssima: cobra o preço justo, e não os preços abusivos que caracterizam a maior partes dos estabelecimentos do tipo, preocupados com o “lucro brasil”, para enriquecerem logo e caírem fora do país que naufraga por conta desses “empresários” e por conta do público que adora pagar preços escorchantes, pois “fica bem com a galera” da ostentação.
Resumindo: não é explorador, como uns e outros restauranteiros que querem ficar ricos com a fome dos clientes.
Questão de comportamento.
Depois, alguns concorrentes vão lá para saber porque a “clientela cativa” deixou de freqüentá-los e passou a comer no botequistrô (boteco bistrô), já que, com sua equipe, também vende o melhor hambúrguer de todo o Cerrado.
Ser Classe A é saber pagar pouco, não “uzói da cara” para fingir que dinheiro lavado torna alguém mais rico.
O mais interessante dessa entrada, o “cabra duma figa”, é que contém os cinco sabores: amargo, ácido, salgado, doce, e umami, que, para quem não sabe, é o quinto sabor.
O crocante da batata apresenta os sabores salgado e amargo, que resulta da queima do carboidrato.
O figo é a porção doce do prato.
O queijo de cabra é amargo, salgado, contém intensidade e pungência no sabor.
O aceto balsamico é ao mesmo tempo doce e ácido.
Eles se complementam e casam, elevando o sabor de cada um.
Na confluência desses quatro sabores, estes elevam-se do prato a ponto de culminar em um prazer gastronômico e desmascara o quinto sabor, o umami.
O umami, mais conhecido por nosso familiar glutamato monossódico, é sentido nas papilas do fundo da língua, e concentrações desse sabor podem ser obtidas em alimentos como queijão parmesão envelhecido, algas marinhas, tomate e alguns tipos de carne.
O proprietário-chef trabalha com a ficha técnica de preparação, que é ensinada nas escolas de gastronomia para se avaliar o custo de cada prato, mas que é solenemente ignorado pelos empresários do lucro-brasil.
A ficha técnica calcula direitinho os preços cobrados. Falarei mais sobre esse assunto em outros post aqui no blogue.
Justamente porque, como já antecipei acima, a maioria dos restaurantes acredita que cliente não tem noção alguma dos preços dos elementos que compõem um prato. Ledo engano. Temos de explorar esse “calcanhar de aquiles” dos “chefs” que, por exemplo, usam e abusam do tal “menu degustação”, para subsidiar suas (deles) viagens de turismo em que copiam o que vêem, e fazem compras de roupas e bebidas para revender aos incautos. Salafrários em todos os sentidos – tentam também enganar no paladar.