Um blogue mal humorado, com aversão ao abominável modismo do "polìticamente correto" (hipòcritamente mal-resolvido). Blogue de um cético convicto, com a própria ortografia.

Posts marcados ‘cultura’

um XÔ

Soube que Gil e Caetano farão um giro pelo mundo (Londres, Paris, Roma, Lisboa), incluzu u braziu, em novo “xô” dos dois juntos.
Cantarão que estão com “saudades da Bahia”, viajando com a grana da lei Rouanet, e outras “ajudanças colaborativas” do sinistério da Cultura (curta).
De minha parte, sei que vou economizar muito dinheiro não indo.

A tolerância dos intolerantes

Uma das características do “polìticamente correto” (hipòcritamente muitíssimo mal resolvido) é a “tolerância”.

Repare, porém, que a tolerância é uma via de sentido único.
Tente dizer a um “tolerante” que você não gosta de molho cudebarbie, ou de pipoca doce, ou de bossa-nova, ou de reggae, ou de certo partido político, ou de alguma seita religiosa, ou de travestis, ou das políticas de cotas para “inclusão social”, ou da Madonna, o de Michel Telô, ou de carnaval, ou de passar férias em praia lotada, ou de teatro, ou de neve, ou ou ou …
Se o tal “tolerante”  gostar de uma dessas coisas, imediatamente ele reagirá e bradará que você precisa ser mais “tolerante”.
Afinal de contas, a “tolerância” existe para que algumas regras tornem-se obrigatórias.
Ela não existe para que você ouse não gostar de alguma coisa que seu interlocutor aprecia ou admira.
Dá para entender?

Sei de uma coisa: a cada dia tenho mais medo dos “tolerantes”.

A imbecilidade humana não tem limites

A famosa máscara do faraó Tutancâmon foi danificada de forma irreversível.

Se preferir, leia em inglês, a notícia no Telegraph.

Não é mesmo fabuloso sabermos que em um dos mais importantes museus do mundo usa-se durepox para colar objetos milenares que foram danificados?

O mais irônico é que os egípcios pleiteiam a devolução dos Elgin Marbles do British Museum. Na verdade, deviam entregar todos esses tesouros a algum museu norte-americano ou europeu (menos o Louvre) para guarda e exibição.

Espero que haja alguma técnica de raio laser que possa destruir o epóxi, sem danificar os outros materiais.  E os arranhões talvez se possa aquecer o ouro no local e redistribuir o material que tenha ficado nas bordas dos riscos.

Ficamos com o ensinamento de que essas velhas civilizações requintadas foram substituídas por descendentes de cameleiros que levantam os traseiros para adorar um meteorito guardado em Meca, decepadores de cabeça … Triste!

A dúvida que ainda fica: foi acidente ou foi proposital, como a que fizeram, há alguns anos, com canhões destruindo as imagens de Buda gravadas em pedras no Afeganistão, obra dos “queridos talibans” ?

la France, esse país da segunda divisão, preso ao passado…

Um amigo me enviou o link com a entrevista que o ex-embaixador brasileiro em Paris deu ao jornal Meia-Noite.

Acho a melhor coisa que já li, vi e ouvi, nestes últimos dias, a respeito do que tem ocorrido por aquele país que, dentre outras coisas, colonizou o Haiti, o Congo, a Guiné, Burkina, etc..

Voici le texte:
por Luiz Antônio Araujo

Marcos Azambuja: “A França precisa analisar a relação com os imigrantes”

Embaixador do Brasil em Paris De 1997 a 2003, fala sobre a comoção causada pelos ataques iniciados na quarta-feira com o massacre na revista Charlie Hebdo e adjacências

A experiência ensinou ao embaixador aposentado Marcos Azambuja que os problemas surgem aos finais de semana. E foi às vésperas de mais um, às 21h35min de sexta-feira, que ele se dispôs a atender o telefone de sua residência, no Rio de Janeiro, para discorrer a pedido de ZH sobre uma crise que lhe é familiar: a comoção causada pelos ataques iniciados na quarta-feira com o massacre na redação da revista francesa Charlie Hebdo e adjacências.

De 1997 a 2003, Azambuja foi embaixador do Brasil em Paris e cumpriu expediente na sede da representação, no Huitième Arrondissement (8º Distrito), na margem direita do Rio Sena, não longe de onde o turbilhão se iniciou.

– A França está em choque. A recuperação levará tempo – afirmou.

A seguir, uma síntese da entrevista.

Como o senhor explica os acontecimentos da França de 7 a 9 de janeiro?
A França foi um país que, durante séculos, recebeu muitas correntes migratórias. Mas quase todas tinham a aspiração de se tornar francesas – pela língua, pela cultura, pela adesão às ideias republicanas e laicas que fazem o espírito da sociedade francesa. O problema com a grande imigração islâmica é que não vem acompanhada desse desejo de adesão inteira a esses valores franceses, e sim de se oferecer como uma civilização e uma cultura alternativas.

Qual o impacto desse fenômeno entre os franceses?
A França não tem o temperamento de aceitar com naturalidade essa diversidade de aproximações. A França tende a ser convicta de que o seu modelo é aquele ao qual os outros devem aderir e que estar no país deve implicar a aceitação de seus valores. A Grã-Bretanha é muito mais flexível, assim como os Estados Unidos e também o Brasil, de certa maneira. São lugares em que os outros podem existir sem ter de aderir a um ideário nacional. O grande problema que temos hoje na França é que grande parte desses imigrantes muçulmanos – veja, o problema não é ser árabe, e sim a ideia do Islã como religião, como cultura, como matriz de pensamento – vivem um choque entre a visão republicana e laica e a sua própria visão religiosa.

A polêmica sobre o uso do véu, que ocorreu há alguns anos, é um exemplo disso?
Houve essa polêmica grande sobre o uso do véu nas ruas e de indumentária islâmica nas escolas porque, de um ponto de vista republicano e laico, ninguém deveria esconder seu rosto. Há um choque intrínseco entre a maneira de ser francesa e a visão islâmica. E isso é uma coisa complicadíssima. E eles são mais numerosos como imigrantes e formam bolsões de pobreza. A França não é brilhante na absorção desse tipo de imigrante. Ela não encontra um espaço natural para eles. Outra coisa é que quase todos vêm do Oriente Médio, que é o lugar mais complicado do mundo. Há dias, eu revi a agenda da primeira reunião a que compareci nas Nações Unidas – eu era rapazola, foi em 1960. Todos os assuntos foram resolvidos: a Guerra Fria, o apartheid, o colonialismo acabaram. A única coisa que não se resolveu é o conjunto dos problemas do Oriente Médio, que não apenas não se resolvem como ficam mais complicados. Esses problemas afloram na França agora, com a reivindicação do Islã por um papel maior, o conflito árabe-israelense e outros.

Existiram na França, porém, gerações de imigrantes árabes que não apenas se integraram como levaram esses ideais para as colônias e protagonizaram mudanças. Foi o caso dos líderes da Revolução Argelina, por exemplo, que eram laicos e socialistas.
Os argelinos, marroquinos e tunisianos são menos árabes e mais berberes. São o Ocidente do mundo árabe. Sobretudo naquele momento, a questão de Israel não era decisiva. O que era decisivo era a independência, a autonomia, a emancipação política. Esses imigrantes do Magreb foram absorvidos com um relativo sucesso. O problema é que, depois, a questão do Islã como afirmação nacional e o antagonismo Israel-árabes – os terroristas atacaram na sexta-feira uma loja de produtos kosher em Paris – constituiu um novo ingrediente na mistura. Existe uma rejeição à ideia de que a França representa uma ponta de lança no Oriente Médio. Os muçulmanos mais modernos do Irã e da Turquia voltaram atrás e estão se tornando mais conservadores, mais islâmicos. Houve um recrudescimento – não de uma sociedade que vai ficando cada vez mais laica, mas que retornou a uma certa matriz mais severa e mais religiosa. Outro problema foi o fracasso da Primavera Árabe, que gerou expectativas não cumpridas. E, finalmente, a imigração árabe na França não foi capaz de produzir uma absorção nos níveis mais altos da sociedade. Deputados, senadores, acadêmicos que têm origem no mundo islâmico são irrisórios. A França continua privilegiando as elites que vêm de suas grandes escolas. E a maioria dos árabes não se qualifica para jogar no primeiro time. A França não tem flexibilidade de absorver o diferente. A França hierarquiza em torno, se você quiser, dela mesma.

A crise começou com um ataque à revista satírica Charlie Hebdo, caracterizada por um humor que muitas vezes toma como tema questões religiosas, não apenas do Islã, mas também do cristianismo e do judaísmo. Muitos questionam, mesmo na França, o tipo de humor de Charlie Hebdo. Como o senhor analisa o papel particular dessa linha editorial da revista nos acontecimentos?
Na atitude da Charlie Hebdo e de outras publicações francesas, como o Canard Enchainé, há um humor em torno da religião que me parece duvidoso. Não acho muita graça nele. Esse humor recorre inclusive a uma certa estereotipação. Se você observar a maneira como os árabes são mostrados nessas publicações, eles têm as mesmas características das caricaturas raciais feitas antes sobre os judeus: são sujeitos com barbas longas, nariz adunco, turbantes. Continua a haver uma estereotipação com a qual eu não simpatizo. Que os árabes não gostem disso, compreendo inteiramente. O problema foi a perpetração de um ato criminoso que resultou na morte de 12 pessoas.

Como o senhor interpreta esse ato?
Isso tira a questão do campo do debate intelectual para colocá-la no terreno da criminalidade. Se os franceses árabes estivessem indignados com a ironia em relação a Maomé e fizessem uma manifestação, eu entenderia perfeitamente. O problema é que fomos confrontados com um ato de violência inaceitável. Não estou querendo incorrer num hábito muito francês de discutir tudo isso em termos intelectuais. Este é o momento de haver apenas repúdio a um ato de violência. Se não, começamos a ficar desde já muito inteligentes sobre isso. O meu medo, na França, é que a inteligência ande tão depressa que substitua a indignação.

O senhor refere-se aos hábitos intelectuais franceses, e a esse respeito não se pode deixar de notar que pensadores como Éric Zemmour pregam a islamofobia de maneira aberta – o primeiro chega a sugerir deportação em massa.
A ideia de deportação é um espasmo. A França precisa dos imigrantes. O jogo de imigração presta-se a uma duplicidade. É dito que os árabes vão ocupar a terra e se beneficiar, mas eles estão cumprindo funções de trabalho que, na França, ninguém mais quer fazer. E a França tem hoje taxas de natalidade tão baixas que, sem a imigração, começará a murchar demograficamente. Não há viabilidade, nem o mundo de hoje permitiria que você pusesse pessoas num navio e mandasse de volta sabe-se lá para onde, sobretudo nessa conturbação que é o Oriente Médio.

O que representa esse discurso?
Isso é mais uma expressão de mau humor, de frustração e de irritação do que um caminho viável. O que é preciso fazer é encontrar uma forma de acomodar a diversidade dentro da laicidade e do republicanismo. Quando se vai à Grã-Bretanha, você pode falar inglês com 200 sotaques: canadense, australiano, neozelandês, sul-africano, nigeriano – tudo é inglês. Mas se você fala francês com algum sotaque, eles acham que você é um primitivo. A França se coloca no topo de uma pirâmide do saber e hierarquiza para baixo. E as pessoas não gostam de ser colocadas nisso.

Existe também exploração política a respeito dos acontecimentos. Na manifestação deste domingo, por exemplo, muitos não desejam a presença da Frente Nacional (FN), partido francamente xenófobo e racista. Como o senhor vê essa dimensão?
Não há como excluir a FN. Como partido, a FN é cada vez mais importante – Marine Le Pen (presidente da FN) é uma das figuras com condições a aspirar o cargo de primeiro-ministro. Você não pode excluir. Será preciso dizer: estamos reunidos nesta manifestação não por estarmos de acordo em tudo.

O que uniria os grupos?
O fato de estarem reunidos para repudiar a violência. Ou seja, você encapsula a solidariedade a um aspecto, sem aderir aos demais. Mas é muito difícil. A França está vivendo um momento muito complicado. Ao erigir seus valores em um corolário universal, ficou presa em uma camisa de força intelectual, ideológica e comportamental. Se você não estiver enquadrado naquele rigor metodológico e linguístico e na própria técnica de apresentação das ideias, você é visto como bárbaro. O francês já foi uma língua de comunicação mundial. Hoje, é uma língua de cultura, estudada por grupos de pessoas. Há uma perda de espaço intelectual e de prestígio com a qual têm dificuldade de se conciliar. Estamos no momento de repudiar a violência dos ataques. Haverá tempo para discutir todas as complexidades. Pessoas foram mortas de uma maneira que você não pode coonestar.

É possível aos outros grupos políticos aceitar a participação da Frente Nacional na manifestação então?
Churchill (Winston Churchill, primeiro-ministro britânico de 1940 a 1945 e 1951 a 1955) tinha horror à União Soviética, e Roosevelt (Franklin Roosevelt, presidente americano de 1933 a 1945) não menos. E todos fizeram causa comum contra o nazismo. Não se estará aderindo ao ideário da Frente Nacional, mas simplesmente repudiando com toda a convicção os assassinatos. Matar aquelas 12 pessoas e depois outras tantas não é aceitável. Se alguém se junta a você nesse repúdio, será, como dizem os ingleses, fellow traveler (companheiro de viagem). As alianças são feitas conjunturalmente e para fins específicos.

Se a França se unir no domingo em torno de uma atitude negativa – o repúdio à violência –, qual será a atitude positiva capaz de manter essa união na segunda-feira?
Na segunda-feira, a França estará ainda traumatizada. As ondas de choque do que ocorreu desde quarta-feira vão durar mais tempo. A França terá um período de reavaliação de sua política interna, de seus valores, de sua relação com os imigrantes. Não é só o imigrante islâmico. Há os africanos, com os quais há uma relação menos tensa. Deverá haver um processo muito grande de autocrítica e de revisão de valores. É preciso perguntar: se num mundo tão diverso e cosmopolita, a França pode se manter tão exclusivamente francesa?

A França tem uma visão equivocada sobre seu papel no mundo hoje?
O país tem ainda uma ideia de seu papel no mundo que não corresponde mais à realidade: a ideia de o brilho, o éclan de sua civilização ainda têm efeito. Trata-se hoje de uma potência europeia sem papel maior sobre o mundo e com dificuldade de se acomodar a isso. Na União Europeia, a Alemanha tem hoje um papel militar e político muito maior. A Grã-Bretanha continua sendo um grande ator, por meio de sua relação imperial e atlântica com os Estados Unidos. A França é hoje uma potência média e tem dificuldade de se ajustar a isso em razão de sua ideia datada de grandeza passada.

O país está amarrado ao seu passado?
Na França, o passado ocupa um espaço excessivo. Napoleão, Luís XIV,  Foch, De Gaulle – todos têm espaço demais. Há uma presença do passado maior do que seria adequado. No momento, o meu medo é que a reação seja mais simples, que seja de retaliação, de caça às bruxas, de procura de culpados, de insegurança social. Os imigrantes foram varridos para as banlieues, os subúrbios. E não é uma presença estatisticamente insignificante. É uma presença imensa e crescente. Não sei como vão começar o reexame. Tenho a impressão de que François Hollande (atual presidente) não é o homem para isso. Ele pode administrar um país que sai de uma crise. Mas esse reexame exige grandeza, algo encontrável em um tipo de estadista que não creio que Hollande seja. A França está, no momento, despreparada para enfrentar esse tipo de desafio. Eles precisarão de um pouco mais de tempo. Até porque tenho a impressão de que não se esgotou o processo de violência.

Para o senhor, haverá mais atentados?
Sim. Haverá mortes aqui e acolá. Não vejo isso se esgotando completamente, e sim se prolongando um pouco no tempo. Há um outro problema que merece reflexão. A mobilidade das pessoas no mundo global exige um exame multilateral. As organizações internacionais como a ONU, a União Europeia e outras devem se reunir para discutir como administrar esse problema. Não são 2%, 3% da população – são proporções muito grandes que se deslocam. Creio que temos pano para manga. E não acho que esse episódio esteja esgotado. O primeiro round foi vivido, mas creio que teremos ainda repercussões nas próximas semanas.

Relembrando certas roupas

Com todo esse assunto de Paris e de multiculturalismo, lembrei de um post que eu tinha escrito, em 2009, sobre Trajes Nacionais.

Aproveite para relê-lo.

Pense se você terá a oportunidade de andar na cidade usando short ou bermuda, exibindo a pele tatuada, pelos países do Golfo Pérsico, ou outros da região.
Afinal de contas, “nós” é que temos de nos adaptar às exigências deles. A xenofobia é apenas “nossa”.

Ah, só uma observaçãozinha, para finalizar:
hoje, quando a polícia francesa matou os terroristas envolvidos nos vários atos desta semana, não recebi nem um mísero e-mail de amigo, comentando sobre a truculência da polícia francesa.
Houvesse sido no Brasil (sobretudo em São Paulo) ou nos Estados Unidos, seriam dezenas de comentários de “humanistas”.
No caso da França, como o atual presidente é socialista, tudo bem. Se fosse um presidente de partido de “direita”, seria crucificado, como faz o tal califado com “os infiéis” na Síria.

Oi, aviso: essas palavras com cores, e linhas embaixo delas, são links para ver outras matérias. Não esqueça desse pequeno detalhe.
Tal como os “analistas” dos grandes jornais, não vou repetir tudo o que escrevi em outras ocasiões.

 

La intelectualidad de la desvergüenza

Reproduzo a seguir o artigo de Mercedes Vigil, publicado, em 16 de setembro, no jornal uruguaio El País:

Mercedes Vigil | Montevideo
@| “Cuando me llegó la carta que un grupo de ciudadanos hizo circular bajo el título ‘Ni un paso atrás en la cultura’ sentí vergüenza ajena. Son apenas unos comentarios pueriles y falaces, seguramente redactados entre gallos y medianoche por un grupo de funcionarios temerosos de que se le escape la gallina de los huevos de oro.
Recordé prontamente aquellas largas declaraciones que hacía publicar Benito Mussolini con adhesiones de integrantes del mundo cultural italiano a su régimen. Algunos eran fascistas y otros no, pero todos sabían que adherir al Duce era asunto de vida o muerte.
Lo mismo aconteció luego con Hitler, Fidel Castro, Pinochet, Chávez, Cristina Kirchner y con todo tiranuelo capaz de pagar la lealtad de ciertos intelectuales, además de inventarlos.
En Uruguay, el Frente Amplio decidió ya hace tiempo que el cargo hace al intelectual y no el intelectual al cargo. Llegamos al extremo que si un bloguero de poca monta promete su adhesión incondicional al partido, puede llegar pronto a ocupar una Dirección de Cultura o una silla en la Academia Nacional de Letras. Si se destaca en el besamanos seguramente conseguirá una beca para recorrer el mundo y mostrar su ‘arte’, por supuesto financiado por todos los uruguayos. Y si alguna vez fue invitado al quincho de Varela seguramente obtendrá un programa propio en TV Ciudad o una agregaduría cultural, aunque no haya pasado de tercero de escuela.
Al revisar la lista de firmantes encontré de todo: escritores, músicos, estudiantes, blogueros, kiosqueros, diarieros, plomeros, arquitectos fracasados, etc. También hallé gente que solo se ocupa y preocupa de proteger su sustento económico, y conste que no hablo de trabajo pues entre los firmantes hay mucha gente que cobra sin trabajar.
Personalmente he necesitado ubicar a varios de ellos por razones de mi profesión y me pasó de no encontrarlos en su lugar de trabajo durante meses.
También firman varios piratas y filibusteros que llevan años despilfarrando las arcas estatales en un entretejido de ‘compañerismo corrupto’ pocas veces visto. La mayoría forma parte de esa suerte de nube corrosiva que ha desangrado la matriz cultural nacional, con lo cual agoniza nuestra matriz ética.
Como verán, él ‘ni un paso atrás’ significa ‘ni un peso menos’. Son los ‘haraganes’ de los que tanto habla Mujica y que se han acostumbrado a tener buenos sueldos, viáticos y espacios en radios y canales estatales a cargo del contribuyente nacional.
A muchos me los he encontrado en ferias extranjeras publicitando sus libros a costo y cargo del Estado uruguayo. Otros ocupan cargos culturales importantes, repartiendo favores y financiando con fondos ciudadanos sus carreras y/o aventuras artísticas. Muchos gozan de una suculenta jubilación, pero aun les seguimos financiando giras y espectáculos porque algún pesito extra no le viene mal a nuestra izquierda burguesa.
Lo más absurdo es que se han instalado en la impunidad y aun tienen el tupé de adjudicarse  una cantidad de fondos, becas e incentivos que en su mayoría ya existían anteriormente. Pero más grave aún resulta el hecho de que dichos incentivos son otorgados actualmente con absoluta falta de cristalinidad. Los nombres de jurados y aspirantes se cruzan, se repiten y hay un casi nulo control del proceso de adjudicación y de su posterior utilización. En definitiva, hay millones de dólares que pagamos los uruguayos y no sabemos (¿No sabemos?) a dónde van.
Tan importante como la cantidad de dinero que se invierta, es cómo se invierta. Necesitamos un proyecto cultural serio que permita utilizar los impuestos ciudadanos de una forma adecuada, racional y honesta.
Actualmente parece haber una caja negra con la cual se financia al amigo compañero, independientemente de su aporte real a la cultura nacional.
Personalmente creo que tendremos por delante un gran trabajo hasta recuperar el nivel cultural que Uruguay tuvo en otras épocas. Pero estoy segura que no es aumentando impuestos que lo lograremos sino eliminando la corrupción con la que actualmente se desvían hacia bolsillos privados miles de pesos que deberían financiar una cultura con mayúsculas”.

Qualquer semelhança com país ao norte do Uruguai não é mera coincidência.