De repente, por falta do que fazer, já que a cidade está perfeita, sem qualquer tipo de problemas, os vereadores saíram de suas casas e seguiram em seus automóveis oficiais, dirigidos por motoristas pagos com dinheiro público, e foram a uma sessão daquele prédio no Viaduto Jacareí que eles querem blindar, para evitar que o povo, essa coisa desprezível, possa se aproximar de suas excremências.
Decidiram reescrever a história e omitir a verdade. Por isso, a partir de agora, com base em dados ideológicos, Juscelino é declarado municipalmente uma vítima de atentado político.
Por que não pedem para as empreiteiras, que enriqueceram feito o diabo durante os anos do presidente do sorriso bossa-nova, para construir um monumento ao estilo Lênin? Eu sugiro que seja demolida a Estação da Luz e que lá se construa um grande estacionamento com a estátua do homem que destruiu as ferrovias e deu início ao fim dos bondes (aquilo que hoje em dia chamam de VLT, pelo qual o país pagará pequenas fortunas).
Um primo de minha mãe era caminhoneiro, e contava quanto material foi desviado de São Paulo para fazendas em Minas Gerais, em nome da “construção de Brasília“.
Brasília, uma cidade onde moro há muitos anos, mas que é o símbolo maior da iniqüidade dos políticos brasileiros. Um lugar em que edifícios de quadras foram pagos, sem terem sido construídos. Uma cidade que, passados mais de 50 anos, continua a ser o símbolo do desperdício do dinheiro público.
Coitadinho do JK. Ele só institui a “dobradinha” (salário pago em dobro para quem se mudasse do Rio de Janeiro para a nova capital), inventou as repulsivas moradias funcionais, para pessoas que já ganham bem ficassem isentas de aluguéis.
Essa pequena lista da Omissão da Verdade deveria ser mais divulgada, para que vereadores, esses políticos que fazem escolinha nas células cancerosas de onde se espalha a incompetência para todo o resto do país, os municípios, ficassem trancafiados, não em uma gaiola de ouro, como pretendem com a reforma do prédio no Jacareí, mas em gaiolas de lata, como os bandidos comuns que foram atingidos pela lei.
Bem que suas excremências podiam fazer diligências e apurar fatos mais recentes, como os assassinatos dos prefeitos Toninho de Campinas e Celso Daniel de Santo André. Bem que podiam relevar operações de desvio de impostos, que grandes construtoras efetuam todos os dias em todas as capitais. Bem que podiam revelar os bastidores da sordidez da construção da Avenida sobre o Córrego da Água Espraiada (que tem o nome de um empresário do ramo jornalístico, sei lá quem…).
Por falar em jornalistas, não custa lembrar as relações do “presidente sorriso” com os então magnatas da imprensa brasileira. A Chateaubriand deu uma embaixada, Bloch era o companheiro de todas as viagens (mesmo aquelas de visita a “senhoras de reputação duvidosa”). E sei lá quantos outros “favores” para que nenhuma linha fosse escrita criticando o maior ego do país (naquela época).
Claro, não podemos esquecer o rombo na previdência social que o “sorriso” legou ao país. Nem, muito menos, a incrível dívida externa, que mais tarde frutificou com a nossa boa e conhecida inflação.
Até quando vamos ter de tolerar esses abusos contra nossa paciência, perpretado por ideólogos do mal? Eles esquecem as funções de um vereador, a rigor um conselheiro do condomínio da administração local, e se encarregam de fazer revisionismo, melhor dizendo, revanchismo. Às nossas custas, claro, que do bolso deles não sai nem mão estendida para cumprimentar o vizinho, a menos que seja época de eleições.
Se há uma “herança maldita” na história do Brasil, é exatamente essa que a Omissão da Verdade esquece de revelar.