Um blogue mal humorado, com aversão ao abominável modismo do "polìticamente correto" (hipòcritamente mal-resolvido). Blogue de um cético convicto, com a própria ortografia.

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A “jovem demo-cracia”

Estou cansado. Farto. Não agüento mais ler “analistas” comentando que “nossa frágil democracia ainda é muito jovem; precisa amadurecer e se fortalecer”. “Ainda vivemos a infância democrática.”

Nova?
Já tem mais de 18 anos.
Pode muito bem ir para a prisão.
Já é dimaió!
Se é assim, tão pequeninha e indefesa, depois de quase 27 anos da ditadura da constituição redigida em golpe político, que sucedeu a eleição indireta de 1985, nunca chegaremos mesmo à idade adulta.
Apesar de ter sido escrita por esquerdopatas universi-otários, esse artigo refuta a idéia:

Uzanalista que falam da “frágil democracia” são daquele estilo de pais que mantêm filhos em casa até os 40 anos, quando terminado o pós-doutorado vai procurar o primeiro emprego. Pecam pelo excesso de proteção à ninhada.

Depois da ditadura de Floriano Peixoto, em 1891, até o golpe de 1930, tivemos ainda os quatro anos do estado de sítio sob Artur Bernardes.
1930 – 1891 = 39; 39 – 4 = 35 anos de Primeira República.

Artur Bernardes governou seus 4 anos de mandato com o país em estado de sítio. No entanto, nunca é lembrado como um ditador. Meu avô e minha avó nunca esqueceram o que ele ordenou fazer em São Paulo em 1924, quando  houve uma reação contra os desmandos daquele ditador civil.
Os estoriadores, ociólogos, e outros “estudiosos” não gostam de falar desses períodos, porque vai complicar os princípios ideológicos que eles inculcam na cabeça do povo que eles “educam”.
Do final da ditadura de Getúlio, em 1945, até 1964, foram apenas 19 anos de um período com uma constituição que dava autonomia a Estados e municípios para legislarem sobre seus próprios assuntos, inclusive o mandato de seus governantes.
Dutra e Juscelino completaram seus mandatos. Jânio não o fez porque não o quis – tentou um golpe à de Gaulle e fracassou.
Apesar de crises – Getúlio x Lacerda, posse de Juscelino, renúncia de Jânio, governo de Jango – ninguém chamava o Brasil de “jovem democracia”.

De 1964 até 1985, foram 21 anos de um regime de exceção, onde, contudo, havia eleições legislativas pluralistas (inclusive com as famigeradas sub-legendas que hoje em dia pululam sob outra roupagem). Isso nunca ocorreu em “democracias populares” do padrão soviético, cubano, chinês, norte-coreano, e outras que usam o “sistema de lista única”. Era uma regime de exceção, mas não ditadura no sentido exato.

Se esses 26 anos não são suficientes para consolidar “a jovem demo-cracia” (o governo do demo) é porque temos políticos incomPeTentes a quem lhes falta maturidade sobre o que significa alternância de poder. Crianças que não querem compartilhar os brinquedos.

O Lula é uma obra da USP (intelectuais da esquerda festiva) e da classe artística perversa.
Como sempre digo a meus amigos, o PT é filho bastardo do casamento de tucanos de alta plumagem com cardeais da Igreja Católica.
Nada mais parecido com o que havia na Idade Média.

-=-=-=

Curioso que, no artigo cujo link inseri acima, falam da Omissão Nacional da Verdade, ou Comi$$ão Nacional das Indenizações.
Mas, sempre me pergunto se esses defensores dos deretchus dus manu explicam o que faziam os “coitadinhos” que “tombaram” na “defesa de seus ideais”.
Que ideais?
Roubar bancos?
É o mesmo de hoje. Quem explode caixa eletrônica é rotulado de vítima da sociedade, que protesta contra os lucros dos banqueiros e os horrores do capitalismo.
Os heróis da CNV tanto são os menores estupradores de hoje como os da turma do Araguaia.
(eu me lembro das pichações a favor da guerrilha – ou melhor, do genocídio – no Araguaia, nas paredes do banheiro da faculdade, na primeira metade da década de 70)
Que tal compararem o Brasil de 1970 /1980 com ditaduras de verdade – a Romênia socialista de Ceausescu e o Chile fascista de Pinochet?
Ditaduras.
Tal qual Cuba, Coréia do Norte, Angola e outros países hoje em dia, ou Itália e Alemanha de 1930/1945, a Espanha franquista.
Diferente do que era o Brasil de 1964 a 1985.
Aqui havia congresso funcionando, com deputados eleitos diretamente, inclusive com uma coisa chamada sub-legenda, que funcionava como os partidos “nanicos” de hoje, siglas de aluguel. Não era coisa de partido único, como nas ditaduras.
Eleição presidencial indireta não é sinônimo de ditadura (haja vista tantos países no mundo onde esse modelo de eleição ocorre), e tem menos mutretas do que a escolha de primeiro-ministro em vários países parlamentaristas.
Houve políticos cassados? E você não gostaria que hoje em dia milhares de políticos cassados, novamente? Duvido que dia não.
Se uzanalista não consideram ditador Artur Bernardes, por que Geisel ou Figueiredo o eram?
(Ah, os vizinhos de meus avós não tiveram direito a indenizações por conta das perdas materiais que sofreram com os bombardeios e saques militares em 1924.)
De qualquer modo, fico feliz em ver que a turma do esquerdismo festivo das universidades já começa a admitir que “nóça demo-krassía tá madura“.  Só falta recolher e jogar na lixeira assim que apodreça.
Repito: esse pessoal da “frágil democracia” parece aquelas famílias que mantêm as “crianças” de 40 anos em casa, sustentando-os até que tenham concluído o pós-doutorado e comecem a ficar aptos para a vida real.

Sub-legendas

Pessoas mais velhas devem se lembrar da sub-legendas, um artifício do governo militar, que valeu de 1966 a 1986, em que o partido do governo dispunha de mais alternativas para lançar cães-didatos para cargos majoritários (prefeitos e senadores, na época).

A soma dos votos das sub-legendas servia para superar os votos da oposição.

Coisa estranha, pareceria.
Não fosse que hoje em dia temos também Partido do Governo 1, Partido do Governo 2, Partido do Governo 3.  As diferenças entre eles servem apenas para tornar mais evidentes as semelhanças.

Oposição, nem sei mais o que significa essa palavra…

50 anos depois

Fui dar uma olhada na falha di çumpallo, e está asqueroso o monte de matérias sobre 1964.
Matérias tendenciosas, mal escritas, e com o único viés esquerdopata. Matérias que não levam em conta o que o próprio jornal escreveu há 50 anos.
Pior são leitores que inserem comentários.
A maioria, gente que nunca tinha sequer pensado em nascer pois os pais ainda não tinham se encontrado no baile funk em que foram gerados, falando horrores da ditadura que ouviram dizer em aulas de professores mal formados e repetindo clichês da cartilha petralha.
Quem é que sofre de lavagem cerebral?
Certamente não são as pessoas que estavam maduras e passaram por aquele período.
Essas estão lúcidas e querem apenas que desapareçam esses bandoleiros que há 25 anos tomaram conta do país.
Claro que há exceções. Alguns estão muito bem instalados com os cargos comissionados que receberam da cumpanherada.

Não vou nem comentar sobre o pessoal do bôuça-infernet e aquela tropa de eleitores do bôuçal-famiglia.

Democracia não é sinônimo de eleições.
Aquele coreano gordinho acabou de ser eleito com 100% dos votos…
E no nosso caso, não temos qualquer direito de escolher quem será candidato. Apenas escolher qual o menos pior de todos os ruins.
Nem de pedir a saída de quem votou e demonstrou não ser merecedor.
E, no caso brasileiro, nem o direito de pedir a recontagem dos votos “secretos” da urna eletrônica.

Em meu caso pessoal, há 50 anos presenciei um grande debate, com um avô que freqüentava reüniões do Partidão, e um pai que era UDNista completo. Uma tia era janista (fosse lá o que isso quisesse dizer) e um tio era PTBista. Portanto, as disparidades eram grandes, e as discussões entre diferentes pontos de vista bem variadas.
Muito diferente dessa homogenização que as “crianças” que escrevem hoje em dia em jornais podem imaginar.

distorções na história

Ao ler comentários de matérias de jornais, fico com a clara sensação de que a história tem sido – propositadamente – distorcida para ensinar pré-conceitos aos brasileiros.

Coisas do tipo: foi o governo militar que instituiu a polícia militar (nome tìpicamente brasileiro, já que em outros países polícia militar é a que cuida dos militares, aqui dividida em Polícia do Exército, Polícia da Aeronáutica e Polícia do Batalhão Naval).
Ou de que três senadores por Estado é invenção do mesmo governo militar.
A distorção da representação de deputados federais entre os estados também é um tema que repetidamente é mencionado de forma errada, como se isso fosse algo que surgiu nos últimos 50 anos, e não um processo que se montou desde a proclamação da República.

Que tal as pessoas usarem a infernet para pesquisar, para ler textos autênticos, e não crer inteiramente em aulinhas de professores de cursinho ou em jornalistas ideològicamente comprometidos?

Que tal sentar ao lado do vovô e ouvir as histórias que ele tem para contar sobre como era a vida antes do nascimento do neto-prodígio, que escreve “descente” quando quer se referir a algo “decente”?

Se quiserem, podem procurar aqui mesmo no blog os comentários que fiz sobre todas as constituições do Brasil, e ressalto, outra vez, que os textos integrais dessas constituições estão à disposição na internet.

E não confundam polícia judiciária (a investigativa) com a polícia de prevenção, que tem dentre suas variantes as diferentes gendarmerias e os carabineiros de alguns países, que inclusive usam tanques e outros armamentos tìpicamente de guerra. A simpática Polícia Montada canadense não é uma instituição civil, no sentido de oposição a militar, e muito menos esteve isenta de atos de violência (ou truculência, como gostam de repetir nossos enpreimçeiros e ativistas) em suas operações.
E o que será que significam os títulos hierárquicos de major, capitão, tenente, sargento e cabo, em tantas corporações policiais de estados dos EUA? Erros de filmagens?
Não somos os únicos, portanto, a ter estrutura militar em órgãos da polícia. Se os ONGeiros e juristas europeus querem nos dar regras, poderiam começar a reforma pelos países do próprio continente, como exemplo. Esse resquício militar nas polícias é generalizado, e na verdade não sei se é pior do que a estrutura sindicalizada que temos nas polícias civis do Brasil, que passam tanto tempo em greve, sem atendimento à população.

o anteprojeto de 1986 e a constituinte de 1987

Pelo sistema de eleição indireta, ganhou a eleição presidencial o PMDBsta Tancredo Neves (primeiro-ministro durante o governo de Goulart), cujo vice, na chapa, era um político maranhense chamado José Sarney, que havia ingressado na política em 1954, pela UDN, que desde então mantinha cargos, por aquele partido ou pela ARENA, que apoiava o regime militar, tornou-se presidente do PDS (novo nome da ARENA), e por fim ingressou na Frente Liberal, em coligação com o PMDB.

Sabemos da história de que Tancredo na véspera da posse, marcada para 15 de março de 1985, ficou gravemente doente e impedido de tomar posse no cargo ao qual tinha sido eleito pelo colégio eleitoral. (Algumas pessoas mal informadas confundem o fato de ele ter sido o primeiro civil eleito desde 1960, com uma eleição direta que não existiu naquela época – o projeto de emenda constitucional de Diretas Já tinha sido rejeitado no cãogresso.)

Dizia o parágrafo 2º do Art. 78 da constituição de 1967 (ou de 1969?):

Se, decorridos dez dias da data fixada para a pose, o Presidente ou Vice-Presidente, salvo por motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago pelo Congresso Nacional.

Como Sarney tinha “muitos colegas” no cãogresso, é claro que este deu posse ao colega. Figueiredo, o general que deixava o cargo, saiu do Palácio do Planalto por outra porta, para não ter de cumprimentar e passar a faixa presidencial ao antigo líder do partido governista, que se transferira para a “oposição”.

O “imortal” (membro da Academia Brasileira de Letras desde 1980, autor de “best-sellers” inesquecíveis, encontráveis na livraria do aeroporto de Tirirical) designou 50 personalidades para a elaboração de um anteprojeto de uma nova constituição. Afonso Arinos de Melo Franco comandava as personalidades, dentre as quais Jorge Amado (de novo constituinte!), Antônio Venâncio, Cândido Mendes, … nem sei dizer quantos outros colegas de “letras”. Empenharam-se em escrever uma obra de peso, literalmente. O calhamaço elaborado continha “apenas” 436 artigos, além de outros 32 incluídos nas Disposições Gerais e Transitórias. O texto preparado cuidava de regulamentar tudo, inclusive o uso de cemitérios, mas deixaram de lado os crematórios, um modernismo que provàvelmente não seria bem aceito no Brasil.

Em compensação à lealdade dos “amigos” cãesgressitas, o presidente “liberal” declarou que eles se tornariam constituintes, mesmo que não tivessem sido eleitos para isso, e mesmo que não tivessem de se desincompatilizar com o exercício da nova função. Em algumas horas eles eram cãesgressitas comuns e em outras travestiam-se de constituintes. Lógico que iriam legislar em causa própria e no benefício dos amigos (e parentes) que estivessem nos lobbies mais próximos, sem esquecer, é claro, os interesses eleitoreiros dos partidos que os abrigavam naqueles dias.

Para facilitar a redação, o relatoria da nova constituição foi entregue a Bernardo Cabral, senador e também presidente da OAB (que se notabilizou muito mais por dançar “Bésame Mucho” com Zélia Cardoso de Mello quando, poucos anos depois, ambos eram ministros de Collor). Cabral (este sobrenome costuma gerar problemas) certamente deu oportunidade a que todos os interesses das várias categorias de bacharéis em direito fossem atendidos. Juízes, advogados e promotores. Conseqüentemente, o Brasil ganhou um dos mais emaranhados sistema de justiça, lento, emperrado, cheio de recursos intermináveis, cheio de liminares. O exemplo claro de que não se faz justiça com justiça lenta.
Em outubro de 1988, os cãesgressistas travestidos de constituintes deram por encerrada a tarefa hercúlea, e foi promulgada, em clima de festa, a “constituição cidadã”, sem qualquer preocupação com que ela fosse referendada pela cidadania. Muitas pessoas ainda hoje acreditam que a festa foi boa para o povo. A propaganda é a alma do negócio, como diria um outro famoso José, o alemão Goebbels.

Pois é esta constituição que querem “reformar”, e é este modelo de “constituinte” que querem nos dar – outra vez!

Hilária

Pois, depois de quatro anos trocando ditaduras militares por ditaduras religiosas, hilàriamente a senhora Pinton deixa o Departamento de Estado e vai cuidar de outros assuntos.

A primavera árabe instigada pela loira oxigenada provocou mortes e violência, que com os novos regimes teocráticos, instalados após a queda dos antigos ditadores, vão ser escondidos por censura mais severa.

Como é bom sabermos que o inferno se engrandece com as boas intenções da turma do oba-oba. Ainda mais quando a diplomacia dos Estados Unidos sempre foi teve a qualidade de ser um elefante enlouquecido em uma loja de cristais.

Ainda bem que o continente americano não faz parte das prioridades políticas das pessoas que estão no poder naquele país. Resta-nos aguardar para saber o que o Joãozinho Quer.